Uma pesquisa inédita do Observatório Febraban, feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), mediu a percepção dos brasileiros sobre símbolos nacionais que melhor definem ou representam o país e sua população. A fé é apontada como a principal característica positiva dos brasileiros — para 30% dos entrevistados, é o primeiro traço citado em uma pergunta com múltiplas respostas. O sentimento é maior na faixa etária de 45 a 59 anos (40%) e entre aqueles que cursaram até o ensino fundamental (39%).
A criatividade foi o segundo traço mais marcante da população, com 20% de menções, mas lidera o ranking entre os mais jovens (27%). Outros 15% citaram a capacidade de superação como característica mais marcante.
O último Censo do IBGE, de 2010, apontou que mais de 90% da população brasileira declarou algum tipo de afiliação religiosa. Mais recentemente, tem havido crescimento de denominações religiosas neopentecostais. As religiões evangélicas são seguidas por 31% dos brasileiros, segundo pesquisa do Datafolha de 2019, enquanto os católicos somam 50%. O índice de evangélicos em 2010 era de 22%, e o de católicos, 65%.
O sociólogo Clemir Fernandes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), vê no resultado da pesquisa, para além da afiliação religiosa em si, uma dimensão de superação atrelada à fé, que se manifesta mesmo em quem declara não ter religião:
— A fé é uma dimensão da condição humana que se manifesta de maneira geral como esperança de que a vida pode melhorar, o que potencializa as ações do ser humano nesse propósito. O brasileiro, pela formação de sua identidade, marcada por matrizes religiosas como cristãs, africanas e indígenas, tem a fé como componente importante da superação de problemas cotidianos, especialmente em uma sociedade desigual como a nossa. Principalmente pessoas com menos formação e condição socioeconômica têm na fé um componente ainda mais importante de superação, de capacidade de olhar para o futuro e não desistir.
Ainda segundo o levantamento, a natureza é citada como o aspecto que melhor define o Brasil. Foi lembrada por 39% como primeira resposta, seguida da população (18%), do futebol (9%) e da dimensão continental do país (9%). A ciência, que ganhou evidência no contexto do combate à Covid-19, somou 2% e aparece entre os pontos menos lembrados pelos entrevistados.
Fonte: O Globo