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Eis um bom motivo para fechar a tampa do vaso antes de acionar a descarga: um novo estudo de modelagem por computador mostra como um vaso sanitário pode enviar uma nuvem de pequenas partículas contendo matéria fecal para o ar – que pode levar o coronavírus.
Médicos mostraram que o coronavírus pode viver e se replicar no sistema digestivo, e evidências do vírus foram encontradas em dejetos humanos.
Essa é, portanto, uma possível rota de transmissão.
Agora, uma equipe da Universidade de Yangzhou, na China, usou a modelagem por computador para mostrar como a água liberada na descarga do vaso sanitário pode se espalhar no ar por até 1,80 metro de altura, de acordo com o estudo publicado na revista Physics of Fluids.
“Pode-se prever que a velocidade será ainda maior quando um banheiro for usado com frequência, como no caso de um banheiro de uma família durante um horário movimentado ou de um banheiro público que serve uma área densamente povoada”, alertou Ji-Xiang Wang, da Universidade de Yangzhou. Outros estudos também sugeriram que o norovírus, uma causa comum de vômito e diarreia, pode se espalhar através de vasos sanitários.
Em abril, os pesquisadores sugeriram que os banheiros podiam ser um local de disseminação do coronavírus.
Resultados da simulação de uma descarga única. Foto: Yun-yun Li, Ji-Xiang Wang, Xi Chen
“As evidências de contaminação pelo coronavírus em amostras de superfície e no ar fora das salas de isolamento, assim como os dados experimentais que mostram que esse vírus pode viver em aerossóis por três horas, devem suscitar preocupações sobre esse modo de transmissão e requerer pesquisas adicionais”, escreveram Carmen McDermott e colegas da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em abril, no Journal of Hospital Infection.
“A transmissão fecal parece ocorrer em pacientes sem sintomas gastrointestinais, o que pode indicar que indivíduos assintomáticos sejam uma fonte de disseminação do coronavírus”, acrescentaram.
Pelo menos um pesquisador não envolvido no estudo disse que a conclusão fazia sentido, mesmo que seja teórica.
“A carga viral na matéria fecal e a fração do aerossol resultante contendo o vírus é desconhecida. Mesmo se o vírus estivesse contido nos aerossóis produzidos, não se sabe se ele ainda seria infeccioso. Também não há evidências claras da transmissão fecal-oral”, observou Bryan Bzdek, pesquisador de aerossóis da Universidade Britânica de Bristol, em comunicado.
“Os autores do estudo sugerem que, sempre que possível, devemos manter o assento do vaso abaixado ao dar descarga, limpar o assento do vaso sanitário e quaisquer outras áreas de contato com frequência e lavar as mãos depois de usá-lo. Embora este estudo não consiga demonstrar que essas medidas reduzirão a transmissão do SARS-CoV-2, muitos outros vírus são transmitidos pela via fecal-oral. Portanto, essas são boas práticas de higiene.”
CNN Brasil