‘Pensaram que eu era analfabeta’, diz faxineira do STF que passou no órgão

Após cinco anos trabalhando como faxineira no Supremo Tribunal Federal, Marinalva Luiz achou que era uma brincadeira ver o próprio nome na lista de aprovados no concurso do órgão. A mulher passou semanas mergulhada nos livros e anotações para a prova de técnico judiciário.

O resultado também surpreendeu colegas, que chegaram a insinuar que ela havia comprado o gabarito. “Minha família e amigos já sabiam que eu ia passar, pois eu estudava sem parar e só falava em concurso e mais concurso”, disse. “Muita gente, infelizmente, não gostou da novidade.

As pessoas ficaram em choque, não esperavam que uma moça que trabalhou na limpeza do tribunal tivesse conhecimento suficiente para passar, ainda mais que concorri com quem já tinha se formado em advocacia. O preconceito está enraizado na sociedade brasileira ainda.” O concurso aconteceu. O salário previsto era de R$ 3 mil – 500% a mais do que os R$ 500 que ela recebia mensalmente.

Marinalva foi a 29a colocada e aguardou os quatro anos de validade do certame pela convocação. Mesmo com a seleção expirando antes, a mulher não desanimou e passou em outras três provas: STJ, MTE e MPU.

Para ela, o fato de sempre ter apreciado literatura influenciou nas conquistas. “Eu sempre gostei de ler. Na minha casa tinha mais livros e revistas do que em qualquer casa do meu bairro.

As pessoas não entendiam por que eu e minha irmã líamos tanto. Hoje vejo que isso foi fundamental e um diferencial na minha vida.” Nascida em Anápolis, ela decidiu atuar na área de limpeza porque o salário era melhor do que o que recebia trabalhando em uma loja para noivas e como costureira.
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“Eu passei num concurso que era disputadíssimo entre os funcionários da minha empresa, estagiários. Eu passei e eles não. O diferencial foi que não estudei para passar, estudei para aprender e entender. Fui devagarinho. O que não entendia, voltava e fazia tudo de novo. E uma frase que resume bem o eu fiz foi: “Sem saber que era impossível, ela foi lá e fez!’ Todo mundo pode chegar lá!

G1

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