Uma mulher foi morta a cada dois dias em SP por feminicídio em 2020

Thais Alves era mãe de três filhos. Márcia Aparecida Mariano trabalhava como professora. Daice da Silva Mata tinha 68 anos e seguia a quarentena à risca. As três tiveram suas vidas, sonhos e planos interrompidos ao se tornarem vítimas de feminicídios durante a quarentena no estado de São Paulo no ano passado.

O ano de 2020 registrou 179 mortes de mulheres no contexto de violência doméstica ou um caso a cada dois dias. O número apresenta uma queda de 3% em relação a 2019, mas, no primeiro semestre, o indicativo era de alta: foram 88 casos em 2020 contra 85 no ano anterior.

O início do isolamento social impulsionou o aumento no número de feminicídios no primeiro semestre, segundo especialistas consultadas por Universa, com maior número de registros em abril, 21, cinco a mais do que o mesmo mês em 2019. A partir de julho, os índices começaram a cair.

“Abril foi realmente um mês atípico porque teve um aumento de 31% nos casos, isso nos preocupou bastante”, afirma Jamila Jorge Ferrari. coordenadora das delegacias da mulher do Estado de São Paulo. “Acendeu o alerta. Começamos a pensar em ferramentas para que esse isolamento não gerasse mais morte ou fosse pior para as mulheres que tinham que ficar, obrigatoriamente, em casa com seus agressores.”

Jamila destaca a criação da delegacia da mulher eletrônica, em que é possível registrar uma denúncia de violência doméstica pela internet. Mas salienta que a atenção dada ao tema por parte da sociedade como um todo, incluindo ONGs e imprensa, pode ter sido essencial para contenção dos casos. “Foi dada muita importância ao assunto para mostrar que era algo relevante, e porque já havia acontecido em outros lugares do mundo esse aumento de violência contra mulher e, consequentemente, do feminicídio.”

2020 foi primeiro ano de queda nos casos desde criação da lei

Desde a criação da Lei do Feminicídio, em 2015, o estado de São Paulo apresentava aumento gradativo nos registros. Tanto é que, na comparação de 2020 com 2018, o aumento foi de 32%. “Agora é que começa a aparecer essa queda, depois de um aumento progressivo ao longo dos anos. Precisamos verificar se essa curva vai continuar caindo para dizer com certeza se as políticas públicas e o engajamento da sociedade estão funcionando.”

A delegada ainda salienta que houve uma queda de 7,5% nas tentativas de feminicídio e aumento de 1% na concessão de medidas protetivas a pedido da Polícia Civil. “Acredito que estamos caminhando e, mesmo que esse aumento seja pequeno, significa que as mulheres estão mais cientes dos seus direitos.”

Uol.

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